segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O que você quer ser quando crescer?

Capítulo II
Como eu cheguei aqui

Fechando o assunto, posto hoje, em forma de linha do tempo, a minha jornada profissional enquanto ser humano loser:

Ano  -1 - casal com faculdade, moradia própria, carro do ano e emprego público estável decidem ter seu primeiro filho
Ano   0 - nascido na melhor maternidade de hospital particular da região
Ano   5 - alfabetizado em casa, já que não se adaptou no maternal
Ano   6 - inicia o primeiro grau numa das melhores escolas particulares da cidade
Ano  14 - ganha de natal seu primeiro computador da família PC (Intel 80xx) e inicia sua jornada infonerdmática
Ano  15 - inicia o segundo grau técnico em eletrônica numa das melhores escolas técnicas federais do país
Ano  18 - termina o técnico, faz estágio e é reprovado no seu primeiro vestibular em universidade pública, mas inicia o bacharelado em ciência da computação na melhor universidade particular da região, aprovado em segundo lugar no vestibular
Ano  19 - começa a trabalhar na maior empresa de mídia do sul do país
Ano  21 - pede demissão por problemas familiares e segue somente com os estudos do bacharelado e duas línguas estrangeiras
Ano  23 - graduado bacharel, inicia o mestrado naquela universidade federal onde não havia passado no vestibular
Ano  24 - desiste do mestrado, pede aproveitamento dos créditos como especialização e abre sua primeira empresa, em parceria com um grande amigo
Ano  26 - encerra a empresa por falta de mercado e começa a trabalhar numa multinacional que está entre as maiores fabricantes mundiais de comunicação embarcada e diagnóstico automotivo
Ano  27 - trabalha por três meses na europa, por essa mesma companhia
Ano  28 - junta-se ao seu cunhado e outro profissional da área e tentam reerguer uma pequena empresa de software
Ano  29 - desiste da sociedade pois não há oportunidades de negócio nem possibilidade de crescimento suficientes para sustentar as necessidades dos três associados
Ano  30 - na sua terceira tentativa empreendedora, abre uma empresa de recrutamento e seleção, com sua esposa - profissional com dez anos de experiência na área - e uma psicóloga
Ano  30 - pede demissão da companhia multinacional e vai trabalhar na maior fabricante de computadores e impressoras do planeta
Ano  31 - é demitido, juntamente com outros 40% do seu time, por motivos de conjuntura econômica internacional
Ano  31 - começa a trabalhar na maior empresa de internet da américa latina
Ano  32 - é demitido, por motivo de falta de planejamento e visão estratégica da gerência da área
Ano  32 - por falta de condições para pagar os impostos e clientes caloteiros, fecha a empresa e desiste para sempre da sua "veia empreendedora"
Ano  33 - decide ser "dono de casa concurseiro", até que aprove em algum emprego público que realmente valha a pena

Esta é a história de um inútil perdedor que, apesar de parecer ter feito tudo certo, não conseguiu realizar seu inocente ideal profissonal. Aos que estão grávidos, são pais recentes ou estão pensando no assunto, lembrem-se de criar outras oportunidades (artísticas / esportivas / políticas / religiosas / criminosas) para sua prole fora do tradicional binômio "muito estudo + trabalho honesto", permitindo assim que seus herdeiros, na primeira metade da terceira década de suas vidas, possam acreditar ter chegado a algum lugar, ao contrário deste que vos bloga.