terça-feira, 14 de junho de 2005

Questão de tática

Hoje fiquei observando um mendigo que pedinchava aqui em frente ao prédio do meu humilde trabalho e cheguei à inútil conclusão de que a diferença entre alguém que ganha dinheiro e alguém que não ganha é a tática. Inútil conlcusão pois até agora eu ainda não sei onde eu errei a minha tática, mas pelo menos serve para que eu embranqueça mais ainda minhas melenas tentando entender...

Indo ao fato, o referido mendigo estava sentado na calçada, parecia saudável, apesar de sujo, e pedia acintosamente aos passantes, xingando em altos brados com palavrões de baixíssimo calão aos que não contribuíam. O que ele conseguiu naqueles mesmos dez minutos nos quais o outro mendigo observado anteriormente arrecadou CINCO REAIS? Apenas meio cigarro babado que um senhor lhe alcançou.
Tática, inúteis, tática!

segunda-feira, 13 de junho de 2005

Você ganha 5 reais a cada dez minutos?
Pergunte-me como!

Este relato ocorreu ontem, domingo 12 de junho de 2005 numa parada de ônibus em frente a um pequeno shopping, aqui em Porto Alegre. Vou direto aos fatos e deixarei os comentários para o final.

Estou com minha esposa na parada do ônibus, havia acabado de ter sido inquirido por um mendigo que me pediu "1 real" menos de duas quadras acima, quando este se aproxima mancando e fanho:

- Dîu, bê dá um real?
- Não.
- Pô dîu, bê dá um real bra eu cober um bão...
- Não, não posso te ajudar.
- Ma borquê sinhô dão bode bê ajudar??
- Porque tô com o dinheiro contado pro ônibus, porra!
- Bã, dá gablablabla...

Se afastou falando alguma coisa incompreensível, provavelmente xingando toda a minha árvore genealógica no dialeto dos fanhos...
Logo depois ele foi em direção a uma moça que vestia uniforme, desses de zeladoria predial, e ela não deu nenhuma atenção ao pedinte. Vendo que não era uma "vítima fácil", foi em direção a um casal de adolescentes, dos quais ganhou um real de cada.
Pouco depois aproximou-se de uma senhora, que, talvez por estar distraída, assustou-se e, por instinto, se afastou. O mendigo inquiriu:

- Ê dîa, dão foge dão!
- Mas eu não tenho nada pra dar.
- Bas dão foge dêu, só dô bedindu uba ajûda bô...
- Mas eu não tenho...
- Gã, dagluablablablabla...

São os constrangimentos aos quais o honesto e pacato cidadão é constantemente submetido, pensei eu, recordando de um post antigo aqui da SIC.
Logo em seguida, mais algumas pessoas chegaram à parada e, a cada uma delas o tal sujeito mostrava uma folhinha e pedia dinheiro. Ganhou mais um real de um senhor e mais outro de um casal.
Um ônibus chegou, algumas pessoas subiram e ele também tentou entrar, sendo impedido pelo motorista... Bateu boca com o condutor por alguns instantes e, vendo o cobrador se levantar para enxotá-lo, desceu praguejando. Constrangimentos aos quais são submetidos os cidadãos...
Ainda antes de sair em direção à outra parada, ganhou mais um real de um rapaz que acabara de chegar, totalizando então, CINCO REAIS em MENOS DE DEZ MINUTOS, utilizando a tática infalível de constranger os cidadãos, fazendo-os sentir culpados ou compadecidos com a sua pobre (????????) situação...

Do fato, tiro várias questões:
1) Você, caro leitor, daria dinheiro ao tal mendigo?
2) Você mesmo, no seu trabalho, GANHA CINCO REAIS A CADA DEZ MINUTOS?? Pra facilitar o cálculo, equivaleria a um salário de cerca de 9600 reais, trabalhando 20 dias por mês, 8 horas por dia.
3) Onde foi que eu errei? Eu estudei 18 anos da minha vida, trabalho 10 horas por dia, 25 dias por mês e ganho exatos CINQUENTA CENTAVOS A CADA DEZ MINUTOS, DEZ VEZES MENOS QUE UM MENDIGO!!!
4) Será que alguma das pessoas que deu um real pro tal cara ganha esse mesmo um real com a mesma rapidez?? Se ganha, porque está andando de ônibus??
5) Tudo bem que você diga que o mendigo não ganha sempre cinco reais a cada dez minutos. Mesmo assim, em uma perspectiva mais pessimista de rendimentos para o tal, não lhe parece que ELE AINDA GANHA BEM MAIS DO QUE EU E VOCÊ???

Minha solução, como venho repetindo ultimamente, é exterminar os gafanhotos...

quinta-feira, 9 de junho de 2005

O meu, o teu, o nosso Brazzzil...
Em menção à "Formiga e o Gafanhoto"

Cenário: "Pai trabalhador e filho estudante dentro do carro a caminho da
escola"

Filho: Pai, já que roubaram o som do carro vamos conversar um pouco?
Pai: Claro filho
Filho: Pai, o que é inclusão social?
Pai: Bom filho, é que muitas pessoas têm muito e outras nada têm, a inclusão consiste em dar direitos iguais a todos.
Filho: Ah ta, os integrantes do MST são um exemplo de excluídos né?
Pai: Isso filho.
Filho: Pai, o que eu devo ser quando crescer?
Pai: Bom, primeiro escolha uma profissão que você goste, depois estude muito, mas muito mesmo e depois trabalhe muito mais, dia e noite, só assim você será alguém na vida.

(Atrasados para a escola, o pai pára sobre a faixa de pedestres e é multado,além de ser maltratado pelo policial).

Filho: Pai, o que houve?
Pai: Fomos multados filho
Filho: Mas por que?
Pai: Porque estávamos bloqueando a passagem filho.
(Um pouco adiante o trânsito pára, a marcha do MST está passando).

Filho: Pai, por que eles estão bloqueando nosso caminho?
Pai: É a marcha do MST filho.
Filho: Ah tá, e aqueles policiais estão multando eles né?
Pai: Não filho, estão escoltando eles.
Filho: Ué, mas nós estávamos bloqueando a passagem e fomos multados e maltratados, e eles estão bloqueando tudo e são escoltados?
Pai: (silêncio)
Filho: E o que é aquilo ali?
Pai: É o refeitório deles
Filho: Ah sei, lá eles gastam aqueles vales-refeição igual ao seu,que a pessoa ganha da empresa na qual trabalha.
Pai: Não filho, o governo paga a alimentação pra eles.
Filho: Ué, e por que não paga pra você também?
Pai: (silêncio)
Filho: E aquela ambulância lá? Ah já sei, é por causa do plano de saúde que eles pagam né, como você, paga pra poder ter assistência médica né?
Pai: Não filho, eles não pagam plano de saúde.
Filho: Ué, não entendi.
Pai: É o governo que está pagando essas ambulâncias que você está vendo.
Filho: E por que você paga plano de saúde então?
Pai: (silêncio)
Filho: Por que a maioria deles está com rádio?
Pai: Porque o governo doou 10.000 radinhos pra eles se comunicarem.
Filho: Pô e a gente sem som no carro, e você fala que precisa trabalhar pra comprar outro, vamos pedir pro governo então.
Pai: Eles não nos dariam filho.
Filho: Ah, já sei. Você reclama que paga 40% de tudo que ganha pro governo,mas com certeza eles pagam muito mais né? Eles têm todas essas regalias.
Pai: Não filho, eles não pagam nada.
Filho: Como assim?
Pai: (pensativo, em silêncio).
Filho: Pai quero parar pra falar com eles.
Pai: Não adianta filho, eles só falam através de assessor de imprensa.

Filho: Que legal, vamos contratar um assessor de imprensa pra nós pai?
Pai: Filho isso é muito caro, eu precisaria trabalhar o triplo do que trabalho pra poder pagar um assessor de imprensa.
Filho: Mas eles nem trabalham e têm?
Pai: Mas é o governo que paga filho.
Filho: Pai, não foram eles que invadiram um prédio público e fizeram a maior bagunça?
Pai: Foram sim filho
Filho: E o que aconteceu com eles:
Pai: Nada filho
Filho: E por que eu fiquei de castigo e levei uma baita bronca porque quebrei a lâmpada do poste jogando bola.
Pai: Porque você tem que cuidar e respeitar o patrimônio público filho.
Filho: E eles não precisam?
Pai: (silêncio)
Filho: Pai vamos com eles?
Pai: Claro que não filho, você precisa estudar e eu preciso trabalhar.
Filho: O QUE? PODE PARAR, EU VOU COM ELES, APRENDI QUE OS EXCLUÍDOS SOMOS NÓS, QUERO MINHA INCLUSÃO JÁ (desce do carro e se junta à passeata).
Pai: (silêncio)