segunda-feira, 29 de março de 2010

Tamanha hipocrisia


Fui a uma loja comprar uma máquina de lavar e secar roupa. Claro que antes de qualquer decisão sobre qual adquirir, realizei uma pesquisa violenta na internet, onde notei que há poucos modelos que integram a função de secagem num mesmo aparelho. Então lá estava eu na primeira loja para fazer as cotações, em uma das mãos o modelo da máquina que eu queria, a minha frente o vendedor enlouquecido me dizendo que poderia realizar o pagamento em até 15x, quando comentei em pagar à vista ele me alegou que não valeria à pena e que não seria interessante eu realizar o pagamento daquela forma, obviamente este gentil vendedor sabe de minha situação financeira e só queria me ajudar. Então me desloquei para a segunda loja, onde realmente desisti de qualquer tipo de busca por cotação devido ao fato de eu ficar parado em frente a lavadora por longos intermináveis 10 minutos sem que nenhum vendedor me perguntasse se eu estava no lugar certo!! Ok, não desisti tão rápido assim, decidi passar em uma última loja a caminho de casa, para minha surpresa fui bem atendido, tudo correu bem, até a compra já estava em vias de ser efetivada quando o rapaz me diz que será acrescido 3% ao valor da máquina por que o pagamento será realizado através do cartão de crédito, disse a ele que eu faria em 1X no cartão, o mesmo me alegou que a operadora do cartão cobrava dele esta quantia, resumindo fui para casa sem comprar nada e pensando até quando quem paga a conta é o consumidor.
Ao cair da noite decidi ir jantar no shopping, lá chegando entrei na primeira loja que eu vi, peguei um vendedor pelo braço e disse que queria a máquina modelo tal e queria pagar de tal forma... Nunca tinha sido tão bem atendido, pronto, descobri a fórmula de como se realizar uma compra.
Passado cinco dias numa bonita manhã tocaram a companhia de casa, era os instaladores da tão sonhada máquina de lavar e secar, fui abrir a porta sorridente e feliz. Após 10 minutos de análise da nota fiscal e do local onde seria instalada, o dito técnico da LG me olha e dispara a máxima “Essa tomada onde iremos ligar a máquina, a LG não dá garantia”, pronto, tava formado o circo! Gostaria de salientar que um dia antes da chegada dos engenheiros super ultra técnicos da LG eu havia feito a instalação de uma tomada nova, para quem ainda não sabe da novidade, não é mais fabricado as tomadas convencionais e sim somente uma que possui uma furação diferente da usual e que não serve em nenhum equipamento eletroeletrônico já existente, sendo assim o consumidor é obrigado a comprar um “adaptador” que transforma a nova em antiga, mas só um minuto, por que é permitido fabricar um adaptador e a tomada não??? Em suma, tivemos que arrancar a tomada que eu havia colocado nova e instalar uma tomada da LG, para minha surpresa era uma tomada nova das antigas, perguntei ao super ultra hiper... técnico da LG onde ele havia conseguido a tal tomada, ele simplesmente me disse que o seu “chefe” tinha uma maneira de conseguir essas tomadas.
Um grande amigo meu diz a seguinte frase “tem que puxar o bigode do gato” ou a que estou mais acostumado é “achar uma teta para mamar”, o meu filho recém nascido já pegou a dele!

sexta-feira, 26 de março de 2010

Indicadores de progresso vs. indicadores de atraso

Embora neste nosso Brazzzil varonil, enquanto Estado terceiro mundista, os institutos de pesquisas só estejam preocupados com dados estatísticos que classifico como "indicadores de atraso" (ex. quantas % das crianças no primário, quantos % da população tem esgoto, quantos estão inscritos em programas sociais, etc.), a observação de outros países nos mostra que há outras estatísticas com as quais um dito governo soberano que objetiva o desenvolvimento nacional deveria se importar.
Tudo bem, eu sei que sou apenas um inútil, um membro de uma casta culturalmente superior em meio às hordas de burraldos, ignorantes, ingênuos e deslumbrados macaquitos mas, nem que fosse uma vez na vida, gostaria de ver algum de nossos expoentes intelectuais defendendo uma pesquisa profunda sobre as reais capacidades inexploradas dessa casta. Uma pesquisa que tabule "indicadores de progresso" e permita medir efetivamente o potencial de desenvolvimento não aproveitado e antever as capacidades dessa "elite pensante", cujos resultados possam ser transformados em ações práticas e reais e que, talvez um dia, culminassem com nossa elevação, enquanto nação, ao seleto grupo dos tais de "primeiro mundo".
 Exemplificando, como de costume, elenco apenas algumas das tais perguntas que constariam da minha "pesquisa dos indicadores de progresso":

A) Indicadores de progresso pessoal/profissional

  • Você participou de algum programa de orientação vocacional em sua educação fundamental ou secundária?
  • Você acredita, hoje, estar seguindo sua carreira de vocação?
  • Você desistiu em algum ponto de sua formação acadêmica por sentir a falta de objetivo prático?
  • Você já registrou formalmente algum invento ou idéia?
  • Você já atuou em algum projeto de pesquisa científica? Quantos deles com resultado tecnológico prático? Quantos com resultado teórico? Quantos foram encerrados sem atingir objetivo real?
  • Você já começou um negócio próprio? Deu certo? Em quanto tempo veio o ROI? Faliu? Desistiu antes de falir? Quanto tempo levou até encerrar definitivamente seu empreendimento? Tentou novamente em outra área? Deu certo? Em quanto tempo veio o ROI? Faliu? Desistiu antes de falir? Quanto tempo levou até encerrar definitivamente seu empreendimento? [repetir  as perguntas tantas vezes quantas tenha empreendido]
  • Você empreendeu na sua área de educação formal? Ou de vocação?
  • Quantas vezes na sua carreira profissional esteve desempregado? Quantas vezes foi demitido sem justa causa?
  • Quantas vezes trocou de emprego unicamente por questão salarial?
  • Quantas línguas você fala?
  • Quantas vezes viajou a trabalho para fora do país, conhecendo outras realidades?
  • Quantas vezes viajou para estudo/treinamento para fora do país?
B) Indicadores de progresso do sistema burocrático
  • Em quantas ocasiões a burocracia o impediu de atingir um objetivo positivo?
  • Quantas vezes você tentou uma oportunidade de trabalho fora de seu país? Destas, quantas vezes foi preterido por entraves legais?
  • Quantas vezes foi empregado de multinacionais originárias do estrangeiro? E quantas de multinacionais originadas no Brazzzil?
  • Quantas vezes tentou entrar em contato com algum parlamentar (vereador, deputados)? Quantas conseguiu?
  • Quantas vezes teve de ir a uma repartição pública tratar de um mesmo assunto?
  • Quantas vezes sonegou algum imposto?
C) Indicadores de progresso financeiro
  • Quantos % da sua jornada diária de trabalho você realiza tarefas estranhas à sua função principal?
  • Quantos % da sua jornada diária de trabalho você tem para se dedicar à idéias/inovação?
  • Quanto custa sua posição de trabalho para a empresa? Quantos % disto você efetivamente recebe como salário líquido? Quantos % disto o governo leva antes de chegar à sua mão?
  • Quantos % sobre seu custo a organização lucra com seu trabalho?
  • Se empreendedor, quanto custa seu trabalho em sua própria empresa? Quantos % disto você efetivamente tira como dividendos líquidos?
  • Você conhece dados financeiros como estes sobre outros países? Quais?
  • Você entende como funciona o sistema financeiro, ou pelo menos parte dele?
Embora pareçam inúteis, desconexas ou utópicas, as respostas a tais questões poderiam oferecer indicadores diferenciados do que temos hoje como resultado das atuais pesquisas. No pior caso, pelo menos indicaria o nível de desconhecimento, burrice ou ingenuidade da "elite pensante".
E quem me dera nossos eminentes coronéis soubessem dos tantos e geniais talentos, soterrados sob os entulhos da falta de oportunidade, do excesso de burocracia, da fome estatal interminável por tributos, das exigências absurdas do "mercado", da distância geográfica dos "grandes centros" da civilização, do caquético sistema educacional, enfim, de tantos entraves impostos à minoria dos excepcionais gênios humanos.