quinta-feira, 28 de maio de 2009

Dicas para as pessoinhas
em resposta às "dicas para as pimentinhas"

Depois de terem sido colocados escassos vasos estúpidos com plantas no andar onde trabalho, pequenos vasos de "plantinhas" serem dados a cada equipe e enviado, pelo gerentão do andar, uma pérola de e-mail com instruções de cuidados para as malditas "plantinhas", decidi escrever um post retaliando com instruções de como tratar das "pessoinhas" que as co-habitam. Então toma.

1) Pessoinhas precisam receber sol de vez em quando, pelo menos uma vez por semana, antes das 10 da manhã ou depois das 4 da tarde.
2) Pessoinhas precisam de ar puro, não podem viver confinadas em ambientes herméticos pois há o risco de epidemias de doenças e outros mal-estares.
3) Pessoinhas precisam que a umidade do ambiente esteja entre 50 e 90 por cento, para que não desenvolvam sintomas respiratórios, alérgicos, desconforto nas mucosas e sejam, então, mais produtivas.
4) Pessoinhas trabalham melhor com temperaturas entre 20 e 24 graus, não importando a estação do ano.
5) Pessoinhas produzem mais e melhor quanto mais baixo for o ruído do ambiente.
6) Pessoinhas produzem mais e melhor quanto menores forem as interrupções ao seu trabalho.
7) Pessoinhas, assim como plantinhas, são de diferentes tipos, portanto, às vezes, são necessários cuidados específicos no tratamento de cada uma delas.
8) Pessoinhas ficam doentes às vezes e precisam receber cuidados especializados. Para isso é necessário que se mantenha atualizada a carteirinha do plano de saúde.
9) Pessoinhas, na nossa área de trabalho, passam 80% do seu dia útil na posição sentada, portanto precisam de acomodações que permitam manter sua saúde física e produtividade.
10) Pessoinhas gostam de agrados, mas têm condições de avaliar a utilidade e o resultado de tais, portanto, colocar plantinhas num ambiente sujo, fedido, feio, seco, quente, nada ergonômico, barulhento e cheio de outras pessoinhas desagradáveis, NÃO MELHORA EM NADA O TESÃO PARA O TRABALHO E AINDA OFENDE A INTELIGÊNCIA DOS POUCOS QUE AINDA A TÊM.

Pega ladrão!

Eu não gosto desse tal do Gabriel, o auto-intitulado pensador, mas respeito qualquer um que, de alguma forma pública, protesta contra essa merda toda que tá aí.
Então, veja e divulgue: http://www.youtube.com/watch?v=0RkXCrOLZnY

terça-feira, 26 de maio de 2009

O progresso da tecnologia

Nos últimos, digamos, cinco séculos, a grande característica da história da nossa espécie é, sem sombra de dúvida, a inovação tecnológica. Não é apenas um termo "da moda", é a mais pura e óbvia realidade. Em praticamente todas as áreas da ciência, grandes avanços ocorreram e permitiram-nos chegar à esta belíssima situação atual. Ok, não irei atacar o mundo contemporâneo e sua pressa irracional pela novidade e eficiência... apenas minha própria área.

Para os que não sabem sou um "informata". Podem me chamar também de geek, nerd, infolunático, CDF, mister roboto, quatro-olho, tecnosexual, garoto de programa, etc.
Como "tô nessa" já faz bastante tempo - comprei meu primeiro computador PC em 1989 - e como bom e "opinativo" inútil, às vezes me dou o direito de me achar capacitado para analisar (ironicamente) filosoficamente as questões técnicas e humanas relacionadas ao assunto. Então, vou escrever aqui breves proposições (absurdas) comparativas entre o progresso de outras áreas da tecnologia e a tecnocracia informática.

1) Se a lâmpada tivesse sido inventada por um informata, ela seria compatível com alimentação à querosene.
Mas ela não iluminaria bem. Parece loucura? Pois considerem a absurda necessidade de backward compatibility nos novos produtos informáticos, que perceberão o que estou dizendo. O novo windows não resolve os problemas dos anteriores porque precisa, em última análise, funcionar de forma muito parecida com seus antecessores, para que não se quebre a possibilidade ridícula de usar programas caquéticos sobre um sistema operacional novinho em folha.
2) Se os trens fossem feitos por informatas, haveria novos modelos a cada duas semanas.
É claro que, muitas vezes, as diferenças seriam em detalhes absurdamente inúteis, como a cor da pintura e o índice de refração das janelas, mas, muitas outras vezes, seriam em coisas seriamente perigosas como a quantidade de rodas, o tipo de freio ou o combustível do motor. Nunca se viu em outras áreas da ciência uma necessidade tão absurda por novidade. E o pior é que essa irracionalidade introduzida pela informática já se espalhou para várias outras áreas.
3) Se os carros fossem feitos por informatas, eles seriam comparativamente piores que os da década passada.
Imaginem carros de quarenta toneladas, que não funcionam por mais de três horas sem serem desligados, recheados de defeitos antigos, já solucionados em algum ponto do passado, mas que voltam inexplicavelmente depois do lançamento de um novo modelo. Isso sem contar que, a cada modelo, a segurança para o usuário seria menor que a do anterior, até que fossem inventados novos aparatos tecnológicos para resolver o mesmíssimo problema. E não iam funcionar em qualquer estrada.
4) Se remédios fossem criados por informatas, teríamos drogas para doenças inexistentes e efeitos improváveis nas curas das doenças tradicionais.
Uma das grandes burrices da informática é criar soluções para problemas que não existem. Outra grande burrice é não validar exaustivamente uma solução que tem potencial e, depois de provada, adotá-la como padrão. Na informática os problemas antigos geralmente não são resolvidos, apenas abafados pela quantidade exponencial de problemas novos (ou com nomes diferentes).
5) Se projetos de engenharia civil fossem executados por informatas teríamos prédios que caem e voltam a se reconstruir logo depois.
É incrível como, de uma hora para outra, tudo desmorona e, depois de algum pequeno conserto ou mesmo sem intervenção, volta misteriosamente a funcionar. Duvido que, qualquer pessoa, mesmo usuário básico, já não tenha vivido essa experiência com seu computador.
6) Se as línguas orais e escritas fossem criadas por informatas, haveria quase tanta língua quanto gente no planeta.
A implicação óbvia é que ninguém se entenderia. A não tão óbvia é que nem seria possível existir tradutores para todas as possibilidades. E, mesmo dentro de uma mesma língua, os falantes não conseguiriam chegar a uma normatização do uso dos jargões. Babel é fichinha.
7) Se alimentos fossem plantados por informatas, cresceriam indefinidamente e poderiam nunca ser colhidos.
E cada vez mais se precisaria de adubos e inseticidas melhores. E mais irrigação. E as pragas de insetos atacariam sem trégua. E os agricultores teriam que ser cada vez mais espertos. E tratores maiores e mais potentes. Mas, a colheita propriamente dita, em muitos casos nunca seria realizada, pois, nessa área, o problema sempre cresce mais que a solução. Isso se aplica a um dos grandes paradoxos da informática: o hardware tem que crescer para acompanhar a evolução do softwares ou o software deve crescer para usar toda a potência dos hardwares novos?

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Oxigênio


Eu sou um ser anaeróbio. Pra quem não sabe o que é isso, vai a explicação, segundo a wikipedia: Anaeróbio é o termo técnico que significa literalmente sem ar e que se opõe a aeróbio.
Ah, eu odeio esta evolução dos tempos contemporâneos. Eu odeio ser anaeróbio. Eu gostava do tempo quando eu ainda respirava ar. Pois é. Mas os homo sapiens são anaeróbios? Não eram, mas atualmente... Vamos à "historinha"...

Hoje cheguei à conclusão que sou um inútil anaeróbio. Saio de casa antes das 7 da manhã e entro em uma condução lotada, ar-condicionada e com janelas que não abrem, em direção à senzala. O único ar que circula ali é o que entra quando é aberta a porta. Na realidade não "circula", pois não há outra abertura, portanto umas poucas moléculas entram. 
Chego no meu trabalho, um ambiente herméticamente lacrado desde a sua construção. As janelas não abrem. O circulador de ar-empoeirado-condicionado-da-época-dos-dinossauros-gerador-de-ruído nem está ainda ligado. Se fosse possível acender um cigarro, eu tenho absoluta certeza que a fumaça ficaria totalmente parada, como uma escultura, tamanha a densidade e a estanqueidade do conteúdo gasoso do recipiente.
Saio para o almoço. Na rua o ar talvez ainda exista, mas está há muito perdendo espaço para os respiradores compulsivos, nossos meios de transporte de massa. Pra quem não fez a conta ainda, cada carro 1.0 respira 1 litro de ar a cada 2 rotações do motor, portanto, em um congestionamento, dá uma média de 500 litros de ar por minuto por carrinho furreco. Um ônibus respira cerca de três vezes mais que isso. Chegando no restaurante, também herméticamente lacrado, o recirculador espalha os gases da cozinha por todo o salão, impregnando a roupa e o cabelo de quem fique míseros vinte minutos ali.
Tenho uma palestrinha à tarde em outro prédio. Desta vez não há nem mesmo janelas. Quatro paredes de concreto com portas fechadas nas extremidades. O ar, segundo o conceito "antigo", ali dentro simplesmente não existe; foi substituído por partículas grossas e fétidas que saem dos recirculadores, dos computadores, dos projetores, dos carpetes, das cadeiras, das roupas, pulmões, pés e rabos dos presentes.
Na volta para casa, outra condução herméticamente lacrada e o cheiro de gente sem banho há mais de dez horas, os espirros, a tosse, o chulé e os peidos dos repugnantes trabalhadores apressados e estressados, trancados em um congestionamento que se move mais vagarosamente que uma pacífica tartaruga.
Chego em casa depois das sete da noite e, como todo ser anaeróbio, deixo as janelas fechadas e o condicionador ligado. Pego uma cerveja e tiro o queijo de dentro do meu sapato, afinal, meu processo respiratório não mais necessita de ar, pois, ainda segundo a wiki, a respiração anaeróbia é feita principalmente a partir de fermentação, seja láctica ou alcoólica. 

E você, estimado leitor inútil, é também um anaeróbio? Há algum local em que você permaneça e que seja ainda naturalmente ventilado?

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Hooray! SIC is back (again)...


Ok, ok, eu tenho que admitir...  mesmo que ninguém leia esta bosta, tenho o vírus da escrita funcionando sob minhas pelancas gordas. Então, tamozaí devolta nas parada. Sempre seguindo o nosso lema inicial "Cada post é um tapa na cara", devidamente atualizado para "Cada post é um motivo para o suicídio". 
E pra recomeçar bem, que tal uma boa e velha blasfêmia com os símbolos sagrados católicos?