segunda-feira, 20 de abril de 2009

MINHA vidabesta.com

EU sou um egoísta. EU tenho certeza absoluta que os outros 6,77 bilhões de inúteis também são, não importa o quanto disfarcem.
EU estou aqui trabalhando no feriadão. EU odeio essas pessoas. EU odeio esse trabalho. EU odeio essa empresa. EU odeio esse país. EU odeio esse modelo econômico.
EU uso 0,5% dos MEUS conhecimentos nesse trabalho, 1% da MINHA inteligência e capacidade analítica e 1.000.000% da MINHA paciência. EU estou cercado por inúteis, imbecis, burros, retardados, mal-educados e que se acham os tais. EU não posso trabalhar com o que gosto. EU não sei mais do que gosto.
EU vim a pé. EU preciso fazer exercício. EU estou com 92kg, MINHA pança parece de seis meses, MEU colesterol está nas alturas. EU não tenho paciência para ir a uma academia.
MEU almoço é um prato de fruta e capim. EU não posso comer sobremesa. EU não posso fazer MINHA própria comida.
EU falhei em três tentativas de ser MEU próprio escravo e senhor. EU fui vencido pelo apetite infinito por impostos do governo. EU continuo pagando impostos. EU sustento essa corja que aí está. EU não posso fugir disso.
MEU médico acha que EU não devo tomar as drogas que ME fazem aguentar um pouco mais MINHA merda de vida. EU não tenho o direito de comprar o que EU quiser numa farmácia.
EU sou achacado pelos gafanhotos todo santo dia. EU não posso reagir. EU não posso matar um gafanhotinho sequer. EU estou à mercê da escória.
Ninguém ME respeita (ok, ninguém se respeita). Ninguém ME teme. Nem MEU cachorro tem medo de MIM. Ninguém precisa ME temer, pois SOU um bosta e não vou fazer nada mesmo. Ninguém ME entende (ok, ok, ninguém se entende também, mas EU estou cagando para os outros).
Ninguém ME dá uma oportunidade de trocar de país pra tentar uma vida menos indigna, pois EU nasci macaquito, e macaquito devo morrer.
MEU bairro está tomado por mendigos. MINHA casa é velha. MEU condomínio é caro. MEU carro é minúsculo, ridículo e caríssimo. EU pago muito para tê-lo parado na garagem. EU não posso ter uma moto pois MEU país não é civilizado. EU não posso ter nada, não posso ostentar, não posso aproveitar a miséria que EU consigo juntar ME fodendo de trabalhar.
MINHA mulher está sem emprego. MINHA mulher é uma pobre coitada, fudida, estressada, endividada, cercada de parentes inúteis e imbecis, que não ajudam em nada e sugam o quanto podem. MINHA mulher diz que vai embora porque EU quebrei uma coisa porque a MINHA faxineira quebrou meia dúzia.
EU não posso ME irritar. EU tenho que manter a calma. EU preciso ME controlar. EU devo aceitar tudo de bom humor. EU deveria remover meus culhões.
EU só não ME mato porque penso que MINHA velha mãe merece aproveitar tranquila o restinho da sua merdinha de vida que lhe sobra.
MINHA vida é uma prisão imbecil, repetitiva, maçante e inútil. EU estou apenas aguardando um infarto, derrame, aneurisma, câncer ou que um dos gafanhotos acabe ME matando. EU não tenho mais vontade.
EU estou encerrando esse MEU blog inútil de merda.

quinta-feira, 16 de abril de 2009


OMFG!!! ASOT 400!!! AVB ET AL FOR 72 NON-STOP HS!!!


Listen to it @ di.fm
Get timetable and/or watch it live @ astateoftrance.com

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Plínio presidente!


Mais branco que o Obama, mais barbudo que o Lula,
mais inteligente que o FHC, mais penteado que o Itamar,
mais bigodudo que o Sarney, mais carismático que o Collor,
mais safado que o Clinton, mais macho que a Kirchner,
mais barulhento que o Evo, mais macaquito que o Calderón,
late mais que o Chávez, morde mais que o Bush,
mais honesto que todos eles juntos!!

Velho não, antigo... (2)


Eu sou do tempo no qual havia um mínimo de decência. 
Eu sou do tempo no qual tribo era coisa de índio, gangue era coisa de presidiário, facção era coisa de rebelde político e bonde era um meio de transporte.
Eu sou do tempo no qual a vida sexual se iniciava na adolescência ou na vida adulta, nunca na infância. Putas se vestiam e se portavam como putas. Mulheres direitas se vestiam e se portavam como mulheres direitas. Vagabundinhas (putas grátis) eram raras de encontrar, ou de distinguir, pelo menos, pois se vestiam às vezes um pouquinho como putas, mas se portavam como mulheres direitas a maior parte do tempo.
Eu sou do tempo no qual "ficar" era apenas um verbo com sentido estático, parado, constante.
Do tempo no qual a educação sexual do homem era revista de mulher pelada. Do tempo no qual as mães não diziam para as filhas "fica com quais e quantos tu quiser, mas não quero saber de namorado" (SIM, EU OUVI ISSO ESSA SEMANA DE UMA MÃE DE ADOLESCENTE!!!). Do tempo no qual era arriscado e desafiador desobedecer a mãe, por isso qualquer escapadinha era tão difícil e tão gostosa. 
Eu sou do tempo no qual não havia pornografia na internet. Não havia internet e a pornografia era coisa de umas poucas revistinhas chinelas. Não havia câmera fotográfica digital no celular, nem câmera digital, nem celular. Havia privacidade, principalmente porque as pessoas prezavam isso. Do tempo da inocência e da decência, já decadentes, porém ainda num patamar suportável.
Ah, como eu sou antigo...

segunda-feira, 13 de abril de 2009

The way the way I see it (ou "o caminho como eu o vejo")



Aviso aos leitores otimistas deslumbrados: leiam ignorando as partes em itálico cinza.


Acordo as 6 horas, depois de uma boa noite de sono. É a primeira em 3 dias.
Levanto, faço e tomo meu café, pego uma banana e saio em direção ao meu serviço - palavra que origina-se de servil, servidão, escravatura. Adequado. Faltam 15 minutos para as sete horas.
Minha jornada tem 7 quilômetros, os quais percorro a pé, para fazer exercício físico, do qual preciso para continuar saudável o suficiente para continuar dando lucro para meus senhores (do feudo e do engenho). Já na esquina de casa, o primeiro kinder ovo (as lixeiras do Fogaça) a primeira montanha de lixo. 
Ligo a música e coloco os fones, a rua está pouco movimentada a esta hora, ainda consigo ouvir em um volume civilizado. Ando mais cinco quadras e encontro um primeiro mendigo de muitos, dormindo em uma pracinha, livre e imperturbado, seu merecido sono reparador. Chego à uma grande avenida, aumento o volume da música até o máximo e, mesmo assim, não consigo distinguir o que está tocando. Vejo o arroio que passa no meio da avenida, com sua água espumada de tão imunda e graciosas garças brancas pescando, tingidas de cinza pela sujeira do ambiente de onde tiram seu sustento.
Continuo a caminhada, passando ao lado de uma sub-estação (foda-se a gramática) de energia, olhando atentamente para o chão, feito um porco chafurdando ou um cavalo bitolado, admirando o movimento frenético das formigas cortadeiras e prestando o máximo de atenção para desviar dos cacos de garrafa quebrados, do lixo e dos buracos da calçada. No muro em frente, se vê um grafite tosco protestando: "O preço da luz é um absurdo!" Mais alguns metros adiante, passo por uma parada de ônibus, totalmente destruída, onde algumas pessoas aguardam sua cara, suja e atrolhada, condução.
Saio dessa avenida e entro por uma rua novamente calma, onde diminuo o volume da música. Pessoas passeiam calmamente com seus cachorros, não se importando em juntar os excrementos dos animais, indiferentes à sujeira e ao fedor que produzem. Em frente a uma casa abandonada, um sofá velho repousa e, sobre e ao redor dele, mais quatro mendigos. Mais alguns metros e estou novamente em uma movimentada avenida. Aumento o volume. Passo em frente a um restaurante, onde o proprietário lava e esfrega inutilmente a calçada sebosa e fétida, tingida por excrementos animais e humanos. Chego a um viaduto, onde vivem (dormem, comem, lavam seus trapos, defecam e achacam os transeuntes) pelo menos cinco grupos de moradores de rua, com seus muitos e sarnentos cachorros. Passo rapidamente, tentando não respirar o repugnante mau cheiro e, ao atravessar a rua preciso parar bruscamente para não ser atropelado por um motorista mal educado que simples ou propositadamente ignora a existência de sinalizadores luminosos de direção.
Chego na calçada de um grande hospital, imponente no tamanho, mas minúsculo para atender à demanda de uma população regional que beira os 5 milhões de homo sapiens. Mais uma vez paro bruscamente para não ser atropelado, desta vez por um ciclista desgraçado, que venta suas tranças em cima da calçada, tirando finos dos sonolentos transeuntes. Penso em abrir o canivete e enterrá-lo em sua perna. Fico na imaginação. Logo em seguida, mais uma horda de mendigos dormem tranquilamente sob a marquise de uma lotérica, cujo proprietário lava e escova sem resultado o chorume que cobre o passeio.
Mais alguns metros e um outro hospital, cercado por filas de doentes, montanhas de lixo e catadores com suas carroças. Entro em outra avenida, onde tenho dificuldade para atravessar, pois o congestionamento já se forma e hordas de motoqueiros aceleram por entre os carros parados e, às vezes, também sobre as calçadas. Chego a um enorme parque. Ao entrar, vejo mais uma gangue de catadores e suas carroças abarrotadas de lixo dificultando a passagem dos esportistas matutinos em direção à pista de corrida. Alguns passos à frente, dois mendigos dormem envoltos em papelão sobre um belo gramado que circunda um sujo e mal cuidado jardim de tema japonês. 
Ainda com a música alta, escuto grunhidos e chiados - um dos mendigos tenta chamar minha atenção - abro o canivete e continuo a caminhada sem dar importância aos guturais sons. Logo não os escuto mais, pois ele desiste de mim, vendo uma senhora com seu cachorro, que lhe parece uma presa mais fácil. Vejo novamente pessoas passeando com seus cães, mais uma vez ninguém se importa em coletar os dejetos por eles produzidos.
Saio do parque e atravesso com bastante dificuldade outra grande avenida. Não há passarelas, apenas uma mísera sinaleira de pedestre, posicionada exatamente num ponto de difícil acesso para as pessoas e onde atrapalha bastante o fluxo dos veículos. Chego ao campus de uma grande universidade, com seus prédios antigos, imponentes e desgastados pelo tempo, sem sinal de conservação ou mesmo reparos básicos. Uma caixa d'água escorre cachoeiras de água tratada e paga com o dinheiro dos contribuintes, criando um belo efeito visual e fazendo com que os pedestres tenham que desviar seu caminho para a sarjeta de outra grande e movimentada avenida. Mais uma mal posicionada sinaleira de pedestres e chego ao centro.
Sob um grande viaduto, atravesso a rua novamente com dificuldade e tento não respirar o fedor que exala de mais um grupo de mendigos. Na outra extremidade deste viaduto há outro grande e exaurido hospital, que, por ser o único centro de atendimento especializado no estado, concentra diariamente o movimento de pacientes, que chegam em centenas de ambulâncias lotadas, oriundos de cidades em um raio de trezentos quilômetros.
Faltam 15 minutos para as oito horas da manhã, já caminho há uma hora. 
Desviando como possível das pessoas irracionalmente apressadas, da mira dos cagalhões das pombas, dos pingos nojentos que caem das marquises, do chuvisco enferrujado dos ar condicionados, dos alojamentos de mendigos que vivem nas praças, dos excrementos humanos e animais, dos roedores e insetos mortos (e vivos) pelas calçadas, dos crentes que pregam berrando suas profecias, dos panfleteiros que lhe enfiam ofertas nas fuças, dos vendedores de tudo quanto pode se imaginar, dos ensurdecedores negociadores de ouro e cabelos, dos buracos nas calçadas, dos lixeiros sem educação e seus pontiagudos apetrechos, das tribos de pseudo-estudantes emos, playboys, prostitutinhas baratas, ratas de academia, manos e pagodeiros, dos estúpidos ciclistas carteiros e entregadores de água mineral, dos índios fedidos e barulhentos e suas crianças, dos caminhões de transporte de valores e seus seguranças com escopetas, dos artesãos camelôs, dos cegos e aleijados com seus nervosos bastões, das pratibandas de prédios históricos abandonados que ameaçam cair, das variadas, fedidas e baixas tendas de comida, chego à esquina do meu trabalho.
Do outro lado da rua, em frente a uma repartição pública, uma fila absurda de cem metros dos que buscam a pífia, porém gratuita, assistência jurídica provida pelo estado.
Mais alguns metros e estou no elevador. Momentos depois, estou na minha mesa, uma hora e vinte minutos depois do início da estressante jornada. E o ambiente parece uma sauna, porque o ar condicionado ainda está desligado... mas isso já foi assunto de outro post...


quinta-feira, 9 de abril de 2009

Bebê promissor

Nasci em “berço de ouro”, em hospital particular, trazida ao mundo pelo melhor obstetra da cidade. Acontecimento noticiado em colunas sociais de duas cidades. Nunca usei fralda descartável, só as melhores e mais confortáveis fraldas de puro algodão. Meu enxoval foi comprado nas mais caras lojas da cidade.
Bebê promissor.
Será?
Tudo ilusão.
Aos 5 fui atropelada em frente de casa... ok... começou a merda...
Após uma infância conturbada, mas relativamente feliz, cheguei a adolescência sem grandes problemas.
Estudei meu 1º grau (sim, na época era assim que chamava) na melhor e mais cara escola da cidade.
Resolveram acordar e me passaram para um colégio estadual para fazer o segundo grau, afinal não podiam mais pagar. Na verdade nunca puderam, mas ok, isso seria assunto para outro post.
Terminei o primeiro ano (mesmo com os 3 meses de greve de 1991) e resolvi que era hora de começar a trabalhar.
Finalmente as coisas começavam a clarear.
Tive sorte, consegui fácil um emprego de dois salários mínimos !!! Uhuuu !!! Muito bom pra uma guria de 15.
Fiquei lá por dois anos.
Depois mudei de cidade e trabalhei em outro lugar por 7 meses.
Voltei para a cidade anterior onde trabalhei por mais 3 anos em outro lugar.
Mudei de cidade de novo, pois tinha passado no vestibular da Universidade Federal do estado. Uhuuu !!! O bebê voltou a ser promissor !!!
Arrumei outro trabalho e comecei a facul na federal.
As aulas começavam as 18h30m no campus do vale, eu trabalhava até as 18h no centro da cidade... então chegava sempre atrasada... com sorte lá pelas 19h15m...
Fui “crescendo” na empresa, afinal eu era um bebê promissor, inteligente, comprometido e competente.
Larguei a facul para me dedicar somente ao meu promissor trabalho.
Fiquei lá por 9 longos anos, trabalhava 12 horas por dia e com celular ligado 24 horas por dia, 7 dias por semana. Saí dessa empresa como gerente... Uhuu !!!

Ganhava um salário que mal me sustentava, não consegui comprar nem um carro, que dirá um apartamento.
Saí dessa empresa porque resolvi virar empresária. Uhuuu !!! Bebê ultra promissor !!!
Idiota... esqueci que morava no Brasil.
Fui micro-empresária de “sucesso” por dois anos e desisti. Repassava mais dinheiro para o Lula do que para o meu próprio bolso.
Hoje estou desempregada. Tenho 33 anos e estou cursando faculdade particular, pois larguei a federal para ser competente naquela empresa ali atrás.
Não me formei ainda.
Ainda faltam 3 anos pra isso.
Não arrumo nova BOA “oportunidade” no mercado de trabalho porque não sou formada.
Não arrumo nova RUIM “oportunidade” de trabalho porque tenho “muita” experiência.
Não arrumo estágio porque já fui gerente e empresária.
Não arrumo oportunidade nas “melhores empresas para se trabalhar” porque já estou velha demais. Sim, você não se confundiu, eu tenho 33, mas para essas empresas, já estou velha.
Fiz o que muito desempregado faz. Virei concurseira !!! Uhuuu !!! Bebê promissor de novo... Me matei estudando para um concurso que foi anulado por incompetência da banca organizadora.
Estou me matando de estudar, fiz até o melhor cursinho da cidade, para outro que agora está com o edital trancado, em virtude de divergência entre o órgão e o sindicato da categoria.
Ouço relatos de incompetência e despreparo de pessoas que estão “bem colocadas” em “empresas de sucesso” diariamente, feitos por pessoas com quem convivo... Mas eu não me recoloco, pois sou velha, não tenho faculdade e tenho experiência demais.
Bebê promissor?

Velho não, antigo...


Eu sou de um tempo em que as pessoas tinham vergonha de suas mazelas. 
Mendigos tentavam disfarçar sua condição miserável o quanto podiam, mantendo uma pose disfarçadamente transeunte e só deixando escapar sua mendicância quando extremamente necessário. 
Aleijados, coxos e amputados usavam roupas que não mostravam suas incapacidades.
Cegos caminhavam acompanhados por alguém, raramente batendo bengala.
Surdos não uivavam e gesticulavam Libras pelas ruas, bares e locais de trabalho.
...
Hoje, tudo está mudado. No mundo moderno e politicamente correto da "sociedade para todas as diferenças" os pudores desapareceram. Agora as pessoas fazem absoluta questão e se esforçam ao máximo para esfregar na sua cara as mazelas e desgraças que as afligem.
Mendigos vivem despreocupados pelas ruas, livres como nenhum outro cidadão, fazendo o que bem entendem, onde e a quem quiserem.
Aleijados, coxos e amputados usam bermudas, shorts, tops, miniblusas e outras roupas minúsculas e extravagantes.
Cegos andam sozinhos ou em grupos com seus iguais, batendo deliberada, ensurdecedora e agressivamente suas bengalas.
Surdos gritam seus uivos e gesticulam espalhafatosamente em qualquer lugar, mesmo nos que requerem silêncio, algo que lhes deveria parecer familiar.
...
Mas o pior desse mundo politicamente correto é não se poder expressar essa opinião. Porco nazista! Preconceituoso imundo!
Nazismo? Preconceito? Não seria apenas uma simples aplicação do conceito universal de respeito mútuo "não faça a outrem aquilo que não suporta que façam a ti mesmo", que, para um "antigo" como eu, foi ensinado, forçado e reforçado como regra mínima de educação???