quarta-feira, 15 de abril de 2009

Velho não, antigo... (2)


Eu sou do tempo no qual havia um mínimo de decência. 
Eu sou do tempo no qual tribo era coisa de índio, gangue era coisa de presidiário, facção era coisa de rebelde político e bonde era um meio de transporte.
Eu sou do tempo no qual a vida sexual se iniciava na adolescência ou na vida adulta, nunca na infância. Putas se vestiam e se portavam como putas. Mulheres direitas se vestiam e se portavam como mulheres direitas. Vagabundinhas (putas grátis) eram raras de encontrar, ou de distinguir, pelo menos, pois se vestiam às vezes um pouquinho como putas, mas se portavam como mulheres direitas a maior parte do tempo.
Eu sou do tempo no qual "ficar" era apenas um verbo com sentido estático, parado, constante.
Do tempo no qual a educação sexual do homem era revista de mulher pelada. Do tempo no qual as mães não diziam para as filhas "fica com quais e quantos tu quiser, mas não quero saber de namorado" (SIM, EU OUVI ISSO ESSA SEMANA DE UMA MÃE DE ADOLESCENTE!!!). Do tempo no qual era arriscado e desafiador desobedecer a mãe, por isso qualquer escapadinha era tão difícil e tão gostosa. 
Eu sou do tempo no qual não havia pornografia na internet. Não havia internet e a pornografia era coisa de umas poucas revistinhas chinelas. Não havia câmera fotográfica digital no celular, nem câmera digital, nem celular. Havia privacidade, principalmente porque as pessoas prezavam isso. Do tempo da inocência e da decência, já decadentes, porém ainda num patamar suportável.
Ah, como eu sou antigo...

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