quarta-feira, 25 de junho de 2003

Matemática Bizarra
240 > 800?? Só no Brasil...

Pois bem, caros leitores (aloo?? tem alguém aí???)... Em mais uma das minhas viagens textuais que resultam de meus constantes surtos psicóticos provocados pela situação sócio-político-econômico-educacaional-criminalístico-empregatício-mercadológico-financeira de nossas amadas terras tupiniquins, demonstrarei para vocês pq um trabalhador que recebe um salário mínimo possivelmente vive em melhor situação do que alguém com salário três vezes maior...
Não acreditam? Então leiam...

"José Claudionor (a.k.a. Zé) trabalha como auxiliar de serviços gerais. Sua formação é 4ª série do ensino fundamental. Seu salário é de R$ 240 mensais líquidos, mais o VT. Ele trabalha 8 horas por dia, bate cartão e tem uma refeição na empresa. É um bom empregado, executa sua função adequadamente e não reclama muito do patrão.
Zé mora hoje em uma casinha simples, de 50m², numa vila construída e urbanizada pela prefeitura de sua cidade a partir de um programa para eliminação das favelas que destruíam as encostas dos morros, onde Zé havia se instalado e construído seu barraco anos antes. Apesar de simples, a vila está localizada em uma boa zona da cidade, próxima de tudo, com bom serviço de transporte, água, esgoto e coleta de lixo. Na vila todos se conhecem, então assaltos e casos de violência são raros. Como sua casa é bem pequena, Zé não paga IPTU e tembém é isento das taxas de água e coleta de lixo.
Na casa do Zé moram mais três pessoas: sua mulher, Josicreide - que faz serviços de faxineira nos bairros próximos - e seus dois filhos menores, Thaysa Daiane e Wilson Romário - ambos no ensino fundamental em uma escola pública municipal. A família dispõe de quase todos os eletrodomésticos mais comuns, só faltando a máquina de lavar, que eles pretendem comprar de uma das famílias onde a Josicreide trabalha, para facilitar o trabalho caseiro dela.
Como as crianças estão na escola, a família recebe todos os auxílios sociais oferecidos pelo governo, como a Bolsa Escola, o Vale Gás e o desconto de 60% na conta de luz. A vila tem posto de saúde que oferece os serviços médicos básicos e também assistência odontológica, graças a um convênio com uma universidade federal.
Apesar de pobres, Zé e sua família vivem em condições de dignidade e se consideram felizes. Nos finais de semana têm momentos de lazer no centro comunitário da vila, passeando por outros pontos da cidade ou confraternizando com familiares"

"Rogério trabalha como Analista de Informática. Sua formação é superior completo. Seu salário é de R$ 800 mensais brutos, dos quais são descontados o VT, o plano de saúde empresarial e o ticket refeição. Ele deveria trabalhar 8 horas por dia, mas como não bate cartão, sua jornada normalmente varia de 10 a 12 horas diárias. Quando consegue, almoça em algum restaurante perto da empresa, utilizando seu ticket de R$ 5,00 para pagar uma parte da refeição, que não sai por menos de R$ 7,00. Rogério é um bom empregado, executa suas atribuições com destreza e não reclama muito do patrão.
Ele mora em um JK alugado, de 30m², num bairro residencial. É um bom bairro, próximo de um shopping center, com bom serviço de transporte, água, esgoto e coleta de lixo. Como em toda cidade grande, Rogério não conhece nem os vizinhos do prédio e em seu bairro os assaltos e sequestros-relâmpago são frequentes. Ele paga uma fração do salário do vigilante da rua, assim como seu IPTU, água, luz e taxa de lixo.
Rogério mora sozinho. Ele tem uma namorada há três anos, chamada Juliana, que está se formando e trabalha como estagiária em um escritório de advocacia. Eles gostariam de casar e constituir família, mas não se sentem financeiramente seguros para tal. Rogério tem quase todos os eletrodomésticos mais comuns, faltando a máquina de lavar, que lhe ajudaria bastante no trabalho doméstico dos fins de semana, mas que é muito cara para ser adquirida, mesmo em várias prestações.
Rogério paga todos seus impostos e tributos mas não conta com nenhuma ajuda do governo. No seu bairro não há posto de saúde e, em caso de necessidade, ele precisa recorrer aos escassos médicos do plano de saúde que a empresa impõe ou procurar atendimento nos hospitais do SUS. No dentista não vai há anos.
Apesar de classificado como classe B, Rogério não é feliz. Está sempre estressado pelo excesso de trabalho e a preocupação com as finanças. Nos finais de semana tem tempo para encontrar sua namorada, mas precisa fazer a faxina em sua casa e geralmente não tem dinheiro para outras formas de diversão, como festas ou cinema, nem para visitar seus familiares residentes em uma cidade razoavelmente próxima."

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