Os males do mundo

Ando meio pessimista ultimamente. Tenho pensado muito sobre coisas que não me interessam e pouco sobre coisas que deveria. Não sou capaz de prender minha atenção a nada por mais de cinco minutos, estou com uma memória péssima, sem motivação (odeio esta palavra), essas coisas. Acho que é algo tipo depressão. Foda-se, mais um inútil deprimido, e daí?

Bueno, eu gosto do que eu faço. Ou gostava. Sabe aquela história de que se tu gosta de um restaurante é melhor não conhecer a cozinha dele? É assim que eu tenho me sentido em relação ao meu trabalho. Ou quase, porque eu sei que dá pra ser diferente (olha o otimismo crônico falando).

O ponto é que não consigo acreditar no que eu faço. Porque enrolar as pessoas pra engolirem qualquer coisa de qualquer maneira tornou-se uma prática normal? Sabem do que estou falando, estou falando de "marketing". Este conjunto de técnicas que ensinam como vender alguma coisa que não existe a alguém que não precisa, sem sentir remorso.

Como que este tipo especial de estelionato virou curso de universidade? Tenho a impressão de que essas criaturas não tem consciência do que fazem. Conseguem destruir a confiança do comprador, mas também a dos arigós que precisam criar as pressas as coisas que eles disseram que já existiam.

Pior é que esta praga, a mentira empresarial como eu gosto de chamar, se espalhou por todos os ramos da sociedade. Agora não apenas faz com que você compre coisas inúteis, mas também que eleja políticos em que não confiava, vá a lugares que não iria nunca se fosse esperto (um morro no Rio de Janeiro , por exemplo), use roupas que nunca usaria, e comece a achar normal coisas que são estranhas (comer com gravetos, por exemplo).

Ainda estou em busca de um lugar onde um prego é um prego, e não um utensílio com alto valor agregado para fixação de superfícies justapostas ... E de um lugar onde exista um sistema que seja seguido, uma equipe em que todos tem alguma utilidade, e todos recebam o devido valor ... Ou seja, a busca do Santo Graal perde fácil ...