segunda-feira, 10 de janeiro de 2005

Incompetência ou azar?

Já de início vou elimiar a segunda alternativa porque, como bom ateu praticante, não acredito em mau olhado, espinhela caída, olho gordo, aura carregada, tranca-rua, espírito de porco, gnomos, elfos, duendes, outras entidades zombeteiras e coisinhas do gênero.
Tratemos então da primeira proposta: incompetência. Incompetência generalizada é o que tenho encontrado nas minhas andanças por este planeta. Incompetência institucionalizada. Incompetência total e irrestrita.

Pois bem, o caro leitor pode estar achando que estou exagerando, subestimando a competência alheia em prol, quiçá, de auto-promoção ou falta de modéstia. Não é o caso. Não falarei aqui das minhas atividades e realizações, apenas citarei breves exemplos REAIS que têm ocorrido comigo e com os que me são próximos, nos últimos tempos.

Exemplo 1 - Serviços de saúde

Esse é um exemplo clássico. Todos já presenciaram ou sabem de algum caso próximo de inépcia e/ou imperícia de profissionais (?) da área da saúde. Nos últimos tempos posso destacar:

  • Dentistas: por causa de um siso cariado, passei por quatro deles, até resolver o problema. Dentre vários erros, um queria extrair o dente, outro errou a avaliação e o canal já estava afetado pela cárie, outro errou a mira da anestesia ao fazer o tratamento do canal e fiquei temporariamente com voz de pato Donald, outro ainda fez a restauração mas o material utilizado quebrou em uma semana, tendo que refazê-la.

  • Atendimento de emergência: curiosamente, a mãe deste último dentista veio a falecer um dia depois de ser atendida e liberada numa emergência (eu cito nomes: Hospital Moinhos de Vento). Ainda não sabem do que ela morreu.

  • Médicos: um colega de ex-empresa teve tendinite (graças à incompetência dos responsáveis pela ergonomia da empresa os programadores não tem cadeiras com apoio de braço) e foi ao médico. Este prontamente lhe receitou um antiinflamatório extremamente agressivo ao estômago, tendo plena consciência da úlcera gástrica ativa que o paciente tinha. Resultado? Sangramento estomacal.

Exemplo 2 - Colegas de ex-empresa

Pedi demissão no início do mês passado e cumpri todo o aviso prévio sem dispensa. Ninguém foi contratado para meu espaço vago. Até aí tudo bem, afinal sou um inútil. O detalhe é que agora começaram a me ligar pra saber onde tá isso?, como ficou aquilo?, pra quem tu passou aquilo outro?... Ainda não atingi o nível de irritação suficiente para mandar alguém longe, mas tenho usado a tática da minha bateria está acabando!!! seguida pelo botão OFF do celular.

Exemplo 3 - Serviços de mecânica

Fui fazer um serviço de rotina no meu auto, de uma simplicidade absurda. Ficou um dia na oficina pra fazer o tal serviço. Mais um dia pra refazer a merda que fizeram. Mais uma manhã pra botar em ordem o que foi desarrumado pela merda ao quadrado que fizeram. Querem nomes? Brondani Auto Center, na Azenha, Porto Alegre - RS.

Exemplo 4 - Serviços fotográficos

Precisei de fotos 3x4 para documentos. Tirei as fotos e pedi urgência, mesmo assim só poderia buscá-las no final do dia seguinte. Chegando lá na hora determinada, não estavam prontas as fotos. Mais dois dias passaram e ainda não estão prontas.

Exemplo 5 - Serviços públicos

Decidi não citar este exemplo pois teria que usar mais texto do que contém a Enciclopédia Britânica. Mas, de forma brevíssima: descumprimento de prazos na entrega de documentos, cobrança indevida de multas em documentos já pagos, falta de assistência em serviços importantes, ausência de retorno em solicitações pendentes, etc.

Não pretendo também desenvolver teses sobre os porquês dessa incompetência institucionalizada, mas reservo-me o direito de um breve comentário. Na minha inútil opinião, os fatores determinantes da incompetência são (não respeitando nenhuma ordem, mesmo porque a ordenação desses fatores daria margem ao desenvolvimento de mais teses):

  • Baixo salário;

  • Falta de valorização das características profissionais individuais, ocasionando mau posicionamento na estrutura organizacional da empresa;

  • Falta de condições (ferramentas ou informações) adequadas de trabalho: como no item anterior, geralmente provocada por inépcia de chefes/gerentes;

  • Total falta de interesse pelo trabalho executado, sendo somente um ganha-pão-paga-contas;

  • Burrice: existem pessoas que mesmo com ótimos salários e com todas as ferramentas necessárias ao bom desenvolvimento de suas tarefas, não as fazem com qualidade por pura e simples burrice. Darwin explica;

  • Funcionários públicos: todas as anteriores (mesmo assim, continuo fazendo um concursinho aqui, um concursinho ali, quando aparecem... Afinal, quem não quer uma boquinha dessas?)

Se algum dos caríssimos leitores discordar ou quiser expor suas razões, por favor usem os comentários ou o e-mail da SIC. Somos eternamente gratos aos nossos milhares de leitors por suas opiniões sempre tão importantes e embasadas.
Se alguém ainda acreditar somente na segunda proposta do título deste post, pode mandar o endereço de alguma benzedeira forte.

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