quarta-feira, 2 de fevereiro de 2005

Constrangimentos do dia-a-dia

Como bom inútil cidadão da pátria amada idolatrada globalizada falida Brazil, destino cerca de 50% do pouco que recebo em troca de meus dias inteiros de trabalho ao fisco, das mais diversas e inimagináveis formas. Meu dever maior à pátrica é ser um perdulário - cultivar o total desapego aos bens materiais. E tome leão. E dale IPTU. Emenda com o IPVA. E aumenta o ICMS. E por aí vai...

Mesmo pagando caro para ser um dito cidadão de direito, sou submetido diariamente aos mais diversos tipos de constrangimento. E não posso revidar. Além de perdulário, como bom cidadão brazileiro, devo ser resignado. Ter sangue de barata. Ou, como diria jotacê, oferecer a outra face.
Abaixo seguem exemplos do que acontece e do que eu realmente gostaria de fazer nestas situações.

Indo ao trabalho
- Passando ao fundo, faz favor...
- Sobe e passa ao fundo, vamo passando, faz favor...
- Ô seu cego filho da puta, não dá pra ver que não cabe mais nem um átomo nessa merda?!?!?
De repente, pára tudo. Greve dos motoristas e cobradores. Bem na hora do rush.
- Todo mundo descendo porque o corredor tá trancado!
Todos descem e, tal qual fugindo de um tsunami, a massa corre pelas ruas para não ter o ponto cortado.
Junto vários pedregulhos na rua e começo a quebrar os malditos ônibus. Outros também fazem o mesmo e vários são depredados.

Parado no sinal, em qqer rua, a qqer hora do dia
Dois pivetes com mãos sebosas no vidro, com a cabeça piolhenta a dez centímetros da tua:
- Tio, dá um real?
- Não tenho.
- Pô tio, dá um real...
- Não tenho.
- Ô tio, dá um real pra eu ir ali comer.
- Não.
- Ô tio, cinquenta centavos...
- Não.
- Tio, me dá, tio, dez centavos!
- Não.
- Tiooo, me dá dez centavos, tio...
Puxo a .380 e dou um tiro na cabeça de cada um. Paro o carro no meio da avenida, vou até a calçada e esvazio os 13 restantes do pente no aglomerado que fuma tranquilamente à espera de seu "turno".

No congestionamento, provocado pela imbecilidade da autoridade de trânsito:
Abre uma brecha, sinalizo e tento avançar. Um motoqueiro tira uma lasca do carro.
- Biiiiiiiiiii. Ô seu filho da puta, não enxerga não, corno?!?!?
Passa outro, dá uma baúzada no meu espelho e completa com
- Ô seu merda, vai tomar no cú!!
Avanço por cima do primeiro, bato na moto e ele cai. Passo por cima. Saio com a .380 cuspindo fogo. Três tiros no outro e mais um no que está embaixo do carro. Volto calmamente ao volante com a consciência de ter feito minha parte evitado futuros congestionamentos e acidentes.

Com estes breves exemplos não pretendo defender a violência como solução de todos os problemas urbanos. Apenas de alguns.
Aos pacíficos leitores, minhas desculpas. É que fico irritado nessa época do ano, por causa daquelas siglazinhas que começam com I...

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