domingo, 1 de junho de 2003

Caindo na real

Muito bem, agora que já manifestei minha indignação com minha condição de escravo, queria falar sobre uma reportagem que li nos classificados de empregos do jornal (sim, voltei aos classificados, alguma dúvida depois do último post?). O título é auto-explicativo "Diplomados e Sem Trabalho". Semelhanças com os membros da SIC não são meras coincidências. Temos consciência (afinal, somos uma sociedade de inúteis conscientes!) de que não somos os únicos.
Entre outras constatações "perspicazes", diz lá que "a formação não é mais passaporte para o emprego". Nós temos dito isto aqui a quanto tempo? Uma coisa que me irrita muito neste jornaleco é que sempre dão aquelas dicas manjadíssimas, e improváveis, como se fosse a coisa mais simples do mundo. Por exemplo, a "saída" mágica segundo eles é investir em estágios durante a graduação. Oras, vamos. E arigós como eu, por exemplo, que fiz um curso de tecnologia num lugar em que não existiam estágios na área?
O problema é que as empresas não querem dar chance à quem é novo no mercado. Os jornais não são tão bons em criticar os outros quando é de seu interesse? Por quê não criticam os empresários gananciosos, não deve ser porque vivem dos seus anúncios, claro ...
Preocupante mesmo é que às vezes ser muito qualificado pode ir contra ti, ao invés de a teu favor ... Na real, quantas vezes tu pensaste que ouviria as palavras "qualificado" e "demais" na mesma frase para justificar o porquê de não ser admitido em um emprego?
O trágico é que o que as empresas procuram é quase uma utopia, jovens recém-formados e com experiência. Ou seja, gente disposta a ganhar pouco, facilmente moldáveis, e competentes o suficiente para dar retorno rápido. Ora, fodam-se cretinos idiotas, pessoas não são mercadorias, não são resources, não são commodities, não são utilities. Seres humanos, ok? Recurso humano é a senhora sua avó.
Estou com um humor terrível hoje ...

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