sábado, 23 de agosto de 2003

Tempos Modernos

Tava pensando (capaz??) esses dias e cheguei a algumas conclusões pseudo-historico-filosoficas. Passo-lhes o meu impressionante raciocínio agora:

Como era a uns, digamos, 30 anos atrás:
As pessoas não precisavam ter tanto estudo para terem um bom lugar no mercado de trabalho. Um cursto técnico, na maioria das vezes, era suficiente. Quem fazia faculdade eram apenas os médicos, engenheiros e advogados. Mestrados, especializações e sei-la-que mais era coisa pra poucos. Obrigação de segundo ou terceiro idioma só se o cara fosse fazer carreira diplomática. Bem, mas então o sujeito ia trabalhar, geralmente num emprego público, que era o sonho de consumo da época, e o ambiente de trabalho era bem mais simples. Não existiam as exigências de práticas de bom relacionamento inter-pessoal que existem hoje em dia. Ninguém tinha que fingir que adorava o que estava fazendo ou que estava sempre de bom-humor ou que era amiguinho de todo mundo. Nem que era hiper-mega-ultra auto-confiante e cheio de idéias brilhantes. Era necessário apenas cumprir a sua obrigação, e os seus colegas e chefes eram, bem, tão somente os seus colegas e chefes. As pessoas geralmente passavam a vida inteira no mesmo emprego, já que a estabilidade era bem maior. Além disso, proporcionalmente, os salários eram maiores que os de hoje.

Como é hoje:
Não preciso me alongar muito nesse ponto, pois quase todos os posts anteriores da SIC tratam dos dias de hoje. Mas resumidamente: as empresas cobram nível superior, duas ou três linguas e quanto mais o sujeito investir na sua formação, melhor. Pra empresa que vai contratar o cara, é claro. O cara não vai ter nenhuma garantia de que no mês que vem não vão mandar ele embora para colocar um mais qualificado, ou que faça a mesma coisa por menos, no seu lugar. Além disso, ele vai receber bem menos do que realmente merece. E apesar disso tudo, o sujeito tem que demonstrar 100% de dedicação, auto-confiança, dinamismo, criatividade e integração para com a empresa e os colegas (a lista completa, vejam post A Imagem da Competência).

Bem, então a idéia: de que adianta nos considerarmos "modernos", darmos graças por vivermos no tal "mundo globalizado", com nossas traquitanas de última tecnologia, internet, computadores, celulares, nissim-miojo, etc... se vivemos em tempos tão hipócritas? Nada mais a declarar...

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