segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Tragédia imprevisível [sic]

Este foi o título de uma matéria, publicada neste domingo pelo jornal Zero Hora, de Porto Alegre, RS, pertencente ao megagrupo sul-brasileiro de mídia RBS. Logo abaixo da headline, um "infográfico" (hmmm, adoro palavras inventadas por intelectualóides...), similar ao apresentado a seguir, explica ao leitor ignorante o que são e onde estão as fendas tectônicas deste ínfimo e inútil pedaço de rocha no qual habitamos.


Enquanto inútil habitante não-ignorante e não-ameba deste minúsculo grão de poeira espacial, me acho no direito de discordar do renomado jornalista que proferiu tamanha imbecilidade. Como sempre, minhas opiniões inúteis são exemplificadas, no sentido de afirmar um ponto de vista em cima da velha e boa lógica e também de ilustrar ao máximo a explicação, permitindo o entendimento até mesmo aos intelectos inferiores.

Considero "tragédia imprevisível", apenas utilizando sinônimos do próprio termo, como uma desgraça qe atinge de surpresa. Ora, não é surpresa para ninguém que os locais do mapa onde existem as linhas rosa (falhas ativas) ou pretas (fraturas das placas) estão, com 100% de certeza, sujeitos a tremores de terra, como no exemplo recente do Haiti e tantos outros anteriores, no México, no Chile, no Japão, na Indonésia. Comuns em todos os citados, então, as tragédias provocadas pelos efeitos dos terremotos sobre a população residente nas áreas próximas às bordas das placas tectônicas não são, em absoluto, imprevisíves, mas sim, líquidas e certas.
Entre tantos exemplos de tragédias anunciadas (portanto, nada imprevisíveis) posso citar: os alagamentos em São Paulo, nos bairros que ficam abaixo do nível do rio Tietê; os repetidos acidentes de trânsito em pontos mal construídos e/ou mal sinalizados de rodovias, como o que vitimou a equipe do Xavante há um ano; as secas constantes no semi-árido nordestino; os deslizamentos de encostas no Rio de Janeiro; os apagões de energia que atingiram a região sudeste; os comuns incêndios florestais do verão australiano.
Em contratponto, exemplificando tragédias imprevisíveis, ou seja, desgraças que não deveriam acontecer por existirem medidas claras de prevenção ou das quais não se conheciam precedentes similares, temos: desastres aéreos, como o ainda recente "sumiço" do avião da Air France sobre o Atlântico; as explosões dos ônibus espaciais Challenger e, mais recentemente, do Columbia; os ataques de atiradores aleatórios em escolas, cinemas e outros espaços públicos; os incomuns tornados que atingiram RS e SC nos últimos anos; as fortíssimas tempestades de neve que se extendem quase até o sul da europa neste inverno.


Como conclusão, fica apenas o alerta para nunca se deixar iludir ou impressionar pelas matérias da imprensa; é sempre prudente e necessário fazer uso do intelecto para relacionar, entender e interpretar a informação. O costume do "uso do intelecto", inclusive, devia ser matéria obrigatória nas escolas... mas isso pode ser assunto de um próximo post.

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